16 de setembro de 2009

Dicas


  1. Os roteiristas chamam de talking head, as cenas que abusam do diálogo. Lembre-se: o diálogo sozinho não sustenta um filme. Cenas fracas são aquelas em que as falas carregam o peso dramático.

  2. Não inicie a descrição de cena com as informações que já estão no cabeçalho.

  3. Procure descobrir, no início da história, algo simples que o herói não consegue mais fazer. No final de Central do Brasil, Dora voltou a usar batom.

  4. Evite dar ao protagonista dois grandes objetivos, para não quebrar a estrutura e diminuir o interesse do público. Todo herói deve ter um problema interno e outro externo. Isto o humaniza.

  5. A água é excelente recurso e pode ser traduzida como uma metáfora visual. Na cena, ela pode simbolizar a purificação do personagem. É como lavar a alma!

  6. Cenas em preto e branco podem indicar uma volta ao passado ou algo que marcou profundamente o personagem.

  7. Sempre que pensar em roteiro pense em como é a vida, com seus desafios e incidentes. Lembre-se da frase do indiano Krishnamurti: “O homem só cresce no conflito”. O personagem também.

  8. Procure evitar os “chavões”, mas se não conseguir...
    Hitchcock dizia: “É melhor partir do clichê do que terminar com ele”

  9. Ao criar a sua cena pense em imagens bonitas e inesquecíveis. O diálogo vem em seguida.

  10. O MUNDO ESPECIAL de um Herói deve ser totalmente diferente do seu MUNDO COMUM.No filme Central do Brasil, Dora sai de uma movimentada estação ferroviária no Rio de Janeiro e inicia sua jornada num ônibus pelo interior do Brasil.

14 de setembro de 2009

O ato de reescrever


Dê ao seu roteiro o primeiro tratamento, o segundo, o terceiro, o quarto...
Reescreva o texto quantas vezes forem necessárias!
Dê uma olhada na estrutura.Veja se está confusa ou incompleta. Precisa mudar alguma cena de lugar? Usou com criatividade e sabedoria as ferramentas estudadas?

Reescrever é um processo. Desligue-se de seu material. Deixe-o um pouco na gaveta. Ao retomá-lo, verá que é muito mais fácil detectar erros.

Adaptação



Best-sellers nem sempre dão bons filmes. Adaptar um livro não é simplesmente transformar literatura em filme ou novela. O primeiro passo para sua adaptação ter sucesso é:esqueça a fidelidade.

Tome por base o romance a ser adaptado, ele é a sua fonte. É quase certo que você terá que dar uma nova roupagem ao texto original, criando novos incidentes e personagens e suprimindo outros.

Pesquise na obra aquilo que funciona e que por isso, você não deve mudar. Os personagens principais têm de ser preservados!
Importante: antes de adaptar uma peça, lembre-se de que no teatro a palavra carrega a cena. Você não pode simplesmente transpor para o cinema um texto teatral, sem transformá-lo para a linguagem cinematográfica.
Siga os rumos da história, mas os temperos para torná-la mais apetitosa, você escolhe! No final verá que o seu trabalho é um texto original. Lembre-se: roteiro é uma história contada principalmente com imagens.

Roteiro literário/roteiro técnico



Roteiro literário é aquele que o roteirista escreve sem maiores indicações para as filmagens como movimentos de câmera, iluminação, captação de som, etc.

O roteiro técnico será elaborado pela equipe de produção com a supervisão do diretor, depois de fazer o que chamamos de découpage, um estudo minucioso do roteiro literário. Ele terá todas as informações técnicas necessárias para transformar o roteiro literário num filme.

9 de setembro de 2009

O passo a passo

1- Escreva nas fichas as seqüências de seu filme. Você pode também optar por escrever diretamente as cenas, dividindo-as por Ato.

2- Se optar por iniciar pela seqüência, pegue cada uma, e em outras fichas escreva as cenas que você vai precisar para contar aquela parte da história. Pense em cada cena com cuidado, uma por uma, sem pressa. Escreva nas fichas uma rápida descrição da ação e os diálogos. Não esqueça que uma estrutura é dividida em Atos, portanto, separe as fichas por cor, ou coloque alguma marca colorida para indicar a que Ato elas pertencem.

3- Encontre nas cenas que você escreveu, os Pontos de Virada I e II. Eles realmente mudam a direção da sua história?

4- Arme a sua estrutura e visualize o seu filme! Coloque as fichas numa mesa grande. Agora com calma, veja o que pode ser melhorado ou modificado.

Alguma cena pode mudar de lugar?
Está usando as ferramentas que aprendeu para passar de uma cena pra outra?
Quais são os arquétipos de sua história? Eles estão funcionando bem na ação dramática?
Você revelou bem os personagens e a necessidade dramática do protagonista?
A linguagem de seu roteiro é cinematográfica, ou seja, usa bem as imagens?
Criou conflitos para dar movimento às cenas?
Como está o seu personagem principal no contexto da premissa dramática? Que cena revela o seu ponto de vista?
Quem é o antagonista? Como ele vai criar dificuldades para o seu Herói?
Não tenha pressa de acabar.

5- Pegue uma folha em branco e anote todas as críticas que tem a fazer, como se o roteiro fosse de outra pessoa.

6- Faça as mudanças que achar necessário.

7- Pegue as fichas corrigidas e comece a escrever o roteiro. Durante este processo, se alguma idéia nova aparecer, não a descarte! Veja se ela funciona e use-a! Faça dez páginas de cada vez. Depois de pronto, se tiver alguém da sua confiança para ler, ótimo! Peça um comentário. Mas cuidado, se receber críticas, veja se elas procedem.

8- Antes de reescrever, certifique-se do que precisa mudar. Abra mão daquilo que não funciona. Se não conseguir, pare. De repente, dando uma volta, você encontre uma idéia que realmente funcione. Em roteiro, não se pode correr. Tem que se dar tempo ao tempo.

9- Mais uma vez, releia ou peça a alguém para ler e criticar. Reescreva.

10- Finalmente chegou o grande dia. Entregue o seu roteiro e saia para brindar!

Planejando a estrutura



Depois da story line, da sinopse e das biografias de seus personagens é hora de pensar na estrutura.

Alguns roteiristas fazem o seu planejamento em fichas 12 x 8 cm, mas este é só um exemplo do passo a passo da construção de um roteiro. Você pode segui-lo ou encontrar seu próprio caminho.

Hoje, com o computador, você pode separar as sequências por cores, o que facilita o trabalho.

Lembre-se do que diz o roteirista francês, Jean-Claude Carrière: “Os públicos não são todos iguais e existem diferentes tradições na arte de contar histórias”. (Carrière, Jean-Claude e Bonitzer, Pascal, Prática do Roteiro Cinematográfico)