The
Judce – O Juiz
Logo nas primeiras dez páginas, os roteiristas Nick Schenk e Bill Dubuque apresentam o
contexto em que o protagonista Hank Palmer (Robert Downey Jr.) vive. Advogado
bem sucedido, Palmer é considerado egoísta e altamente individualista por algumas
pessoas. Ele tem humor e uma dose de insensibilidade (é capaz de urinar na
roupa do advogado da outra parte), sabe o que quer e não pensa duas vezes antes
de jogar na cara da mulher que foi traído por ela. O trabalho excepcional Downey
Jr poderá levá-lo ao Oscar de melhor ator em 2015.
Schenk e Dubuque mostram visualmente a incompatibilidade entre o
pai e seu filho do meio Hank Palmer. Ao chegar no local do velório, Joseph
Palmer (Robert Duval) cumprimenta todos os presentes, menos Hank. É notória a preferência
do pai pelos outros dois filhos.
Os roteiristas criam uma forma interessante de mostrar em
flashback a relação entre os membros da família Palmer: por meio dos filmes
produzidos pelo irmão mais novo Dale (Jeremy Strong).
Schenk e Dubuque seguem à risca as regras tradicionais que a
Academia de Cinema de Hollywood valoriza. Ao retornar à cidade natal para
defender juridicamente o pai, um juiz suspeito de assassinato, Hank entra
naquilo que Christopher Vogler chama de Mundo Especial para iniciar a jornada
do Herói. A volta ao passado, o reencontro com velhos amigos, os irmãos, os antigos
costumes de uma cidade do interior, com as situações familiares que o
incomodavam e até mesmo o reencontro com uma velha paixão mal resolvida, tudo
isso exerce um poder transformador no bem sucedido e insensível advogado de uma
grande cidade.
No final da aventura, Hank Palmer se humaniza e é capaz de
verter algumas lágrimas, de tentar reviver bons momentos ao lado do velho pai
como o passeio de barco na cena final.