23 de setembro de 2014

O ambiente da estória 2


Para o professor de roteiro Robert McKee, o roteirista pode escolher um tema para escrever, porém ele deve conhecer profundamente o ambiente da estória para não acabar escrevendo tramas e cenas já conhecidas pelo público (clichê).

McKee explica que o ambiente da estória é quadridimensional.- período, duração,  localização e nível de conflito.

 “Localização é o lugar de uma estória no espaço”

Portanto, localização é a dimensão física da estória, onde ela acontece. Em qual cidade, rua, em qual prédio dessa rua? Se for uma viagem espacial, para qual planeta o personagem irá?

 “Nível de conflito é a posição da estória na hierarquia das lutas humanas”

Nível de conflito é a dimensão humana. O ambiente da estória não se resume a domínios físicos e temporais, mas também sociais. Sua trama focaliza os conflitos internos ou os subconscientes dos personagens? Subindo um nível, quais são seus conflitos pessoais? Subindo um pouco mais, como é a relação desses personagens com as instituições da sociedade?

Em “A mente brilhante” (2001), dirigido por Ron Howard e escrito por Akiva Goldsman e Sylvia Nasar, John Nash (Russel Crowe) é um matemático genial, porém, considerado estranho e egocêntrico. O jeito excêntrico do professor só é compreendido depois que a esquizofrenia é diagnosticada. O filme mostra os conflitos de Nash em vários níveis: dos internos, no tormento causado pelos fantasmas criados pela esquizofrenia, aos pessoais, nas crises do casamento, até os externos, na dificuldade de realizar seus compromissos acadêmicos.

Não importa se no subconsciente ou nas estrelas, sua estória pode ser ambientada em qualquer nível, mas tem que respeitar as possibilidades e a coerência.


Fonte: Story – Robert McKee

17 de setembro de 2014

O ambiente da estória 1

Segundo o professor de roteiro Robert McKee, o ambiente da história é quadridimensional.- período, duração,  localização e nível de conflito.

Na primeira dimensão de tempo, o Período, o roteirista terá que saber se a estória se passa na atualidade, no futuro ou no mundo da fantasia no qual a localização de tempo é irrelevante ou desconhecida.

“Período é o lugar de uma estória no tempo” – Robert McKee.

Na segunda dimensão de tempo, a Duração, o roteirista deverá saber por quanto tempo a estória se estende na vida dos personagens. No filme Os Maias (2014), dirigido por João Botelho, baseado na obra de Eça de Queiroz, a estória avança por três gerações, tendo o velho Afonso Maia à frente da trama como um personagem forte, homem de caráter, digno e educado.

Na comédia “Sideways – Entre umas e outras” (2004), que deu aos roteiristas Alexander Payne (também diretor) e Jim Taylor o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado, a estória se passa em uma viagem de despedida de solteiro que dura apenas uma semana.

“Duração é a extensão de uma estória ao longo do tempo” – Robert McKee


7 de setembro de 2014

Originalidade x Clichê

Vivemos um período difícil para o escritor, pois as ideias originais são raras e o público, muito exigente. É comum vermos, nas novelas ou no cinema, estórias que já conhecemos. Muitos roteiristas “buscam inspiração” em cenas de filmes premiados. O clichê é um velho conhecido do público que, por sua vez, se sente insatisfeito por não assistir a uma estória original. Mas será que é fácil criar uma trama que ninguém nunca viu?

Para o mestre de roteiro Robert McKee, o problema da falta de originalidade (clichê) se resume em um único problema: “o roteirista não conhece o mundo de sua história”. Como lhe falta criatividade, algo que tenha em mente, ele vai buscar o assunto na televisão, nos livros ou no teatro. Ainda que o escritor busque ideias em matérias de jornais, por exemplo, ele tem que conhecer e ter a visão do mundo da sua estória. Sem isso, ele estará fadado a oferecer um prato de tédio para seu público.

 Segundo McKee, o ambiente da estória é quadridimensional, ou seja, tem quatro dimensões – período, duração, localização e nível de conflito.