O protagonista é o alicerce do roteiro, o coração, a alma e o sistema nervoso da história.
Para criar um personagem parte-se de duas categorias básicas: interior e exterior.
Conhecendo o interior...
Faça uma biografia do seu personagem. A vida interior acontece a partir do nascimento.
Onde ele nasceu?
Como foi a sua infância? E a juventude? Como é a família dele?
Fale das experiências na escola e nas brincadeiras de rua.
Ele tem traumas? E seqüelas?
Qual o tipo físico dele? Veste-se bem? Pratica esportes?
Tem alguma mania? Cacoete?
Ao compor um personagem não esqueça que ele deve ter qualidades e defeitos. Manias e trejeitos humanizam o seu personagem.
Na hora de batizá-lo, lembre-se de que a escolha do nome é muito importante. Os nomes variam de acordo com a classe social. Leve isso em conta!
Conhecendo o exterior...
O meio em que vive exerce influência sobre ele. Como o seu personagem interage com as situações e as pessoas que o cercam?
Que tipo de profissional é ? Cuidadoso? Preguiçoso? Meticuloso?
Sabe trabalhar em equipe? É querido pelos companheiros de trabalho?
É pacato ou um “bon vivant”?
O protagonista é o alicerce do roteiro, o coração, a alma e o sistema nervoso da história.Por exemplo:
Se o seu roteiro tem três assaltantes de ônibus, apenas um pode ser o protagonista. Um herói pode ser do tipo pronto a enfrentar a selva ou acabar com um batalhão.
No filme Tropa de Elite, dirigido por José Padilha, Urso de Ouro de melhor filme no Festival de Berlim de 2008, Wagner Moura é o capitão Nascimento, um policial considerado "incorruptível", embora comande uma equipe que desrespeita os direitos humanos se utilizando da tortura como tática de investigação. O personagem provocou grande empatia, chegando a ser considerado um “herói nacional”, por ser um policial “incorruptível”, despertando admiração em uma sociedade castigada pela insegurança e corrupção. Antes de chegar à tela do cinema, o povo já usava nas ruas os bordões: “Pegou geral” ou “01, pede pra sair!”
Mas o personagem pode também ser introspectivo e indeciso, daqueles que precisam de empurrão para tomar uma atitude. Qual é o tipo do seu herói?
Independente de ser bom ou mau, é importante que o protagonista seja crível. Siga o conselho de Aristóteles: “... se a personagem que se pretende imitar é por si incoerente, convém que permaneça incoerente coerentemente”
Um personagem principal pode ser um vilão?
Pode. Um vilão nem sempre sabe que é vilão. Às vezes, maltrata e até mata por razões psicológicas que merecem a compreensão do público. No filme Instinto (Instinct), o personagem vivido por Anthony Hopkins é um antropólogo americano preso numa cadeia de segurança máxima, por ter um comportamento agressivo e perigoso. Conhecendo os detalhes de sua vida, o público percebe que nem tudo é como parece, se identifica e passa a torcer por ele.