Para o roteirista brasileiro Doc Comparato, enquanto a “story line representa o quê (o conflito-matriz escolhido), a sinopse representa o quando (a temporalidade), o onde (a localização), o quem (as personagens) e, finalmente, o qual (a história que vamos contar)”.(Doc Comparato, Da Criação ao Roteiro)
Situando o tempo...
Em que data a sua história começa? Ela acontece num tempo contínuo ou pula, por exemplo, de uma década para outra? Ou de um mês para outro, ou de uma estação do ano para outra? Em Os Maias, a história de Eça de Queiroz avança em gerações tendo como elo entre elas, o velho Affonso Maia.
Localizando...
Indique o lugar onde sua história acontece. Em Nova Iorque? Numa nave espacial? Em Marte? Quais as características desse lugar? Um circo no interior do Brasil pode ser bem diferente de um circo em Moscou.
Onde não quer dizer apenas o lugar, mas todo o contexto social e histórico para revelarmos o cenário. Fique atento aos mínimos detalhes!
Numa história que se passa em 1960, uma mulher grávida não pode, por exemplo, fazer um teste de paternidade para provar quem é o pai de seu filho, porque naquela época, a medicina ainda não tinha esta técnica. Um homem falar num celular, em 1950, só em filme de ficção científica onde o personagem pode avançar no tempo e retornar com o aparelho!
Identificando o herói...
Quem é o herói de sua história? É uma pessoa? Um grupo de pessoas? Um cachorro chamado Bethoven ou Bingo?
O herói é o protagonista. Ao lado dele atuam os personagens secundários que surgirão à medida que a trama se desenvolve. Geralmente o herói tem um antagonista.
A sinopse deve traçar o perfil do personagem. Ao fazer isso pense em uma pessoa real, ou seja, tipo físico, ponto de vista, mudança, atitude, tiques e manias. Lembre-se: ninguém é perfeito. Para um roteirista é gratificante ouvir do público: “Conheço um tipo igualzinho àquele personagem”. Isso é o que chamamos de ponto de identificação.
Ao criar seus personagens, dê realce aos secundários. Eles merecem uma chance e alguns podem surpreender o público. Na hora de compor os personagens, lembre-se de que eles não são caricaturas, estas só são válidas para as comédias.
Em dramaturgia, história é sinônimo de ação dramática. Não importa o gênero que você escolha: drama, comédia, suspense, musical, etc. A linguagem do cinema pode retratar a realidade, mas na maioria das vezes nos dá a ilusão da realidade. Na ficção, a relação de tempo e espaço é diferente do mundo real. O roteirista pode parar, retroceder ou adiantar-se no tempo. A esta propriedade de avançar e recuar sem obedecer a uma ordem cronológica denominamos Tempo Dramático. Mais adiante falaremos sobre esse tópico com mais profundidade.